Segundo pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE –, em parceria com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI/BA – registrou 335 mil pessoas desempregadas na capital e em sua região metropolitana, correspondendo a 18,40% da população economicamente ativa.
O número é 0,05% menor do que o mesmo período do ano passado, quando 341 mil pessoas se encontravam à procura de uma oportunidade de trabalho. No entanto, a mesma pesquisa registrou queda nos postos de trabalho entre os meses de julho e agosto.
Historicamente, agosto é o mês conhecido pelos especialistas da área, como o ponta-pé inicial e otimista para um segundo semestre bem aquecido na economia brasileira. Contudo, o ano de 2014 trouxe um resultado incomum para este período.
De acordo com o levantamento, um dos setores que mais contribuíram para esta queda de ocupações foi o comércio, que, de julho para agosto registrou o fechamento de 19 mil postos de trabalho, totalizando uma redução de 6,4%, em relação ao primeiro mês do segundo semestre. Já em relação ao mesmo período do ano passado, essa queda foi de 1,1%, com o fechamento de três mil postos.
Outro setor que também colaborou para o aumento de desempregados foi a construção civil. Os estudos apontam que houve uma redução de cinco mil postos de trabalho no período entre julho e agosto, com o percentual negativo de 3,3%. Ainda assim, o número de postos de trabalho com carteira assinada foi maior do que o mês de agosto de 2013, registrando-se um acréscimo de seis mil empregos.
“O momento vivido pelo mercado imobiliário baiano, especialmente o de Salvador, é mais delicado do que cenário nacional, em razão da judicialização do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU – e da Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo – LOUOS –, que levou o setor a conviver, desde 2012, com um cenário de insegurança jurídica que teve como consequência a suspensão de lançamentos imobiliários”, explicou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia – Sinduscon –, Carlos Henrique Passos.
O presidente acrescenta que o setor ainda tem um grande volume de obras em andamento, que conseguem manter a empregabilidade estável. Mas a redução gradativa da atividade desde o segundo semestre de 2013, o que poderá impactar na geração de emprego no médio prazo é perceptível.
Para a coordenadora do DIEESE, Ana Margareth Simões, o número foi uma surpresa visto que o mês de agosto costuma apontar para o crescimento econômico no segundo semestre – que, na maior parte dos anos, sempre se mostrou melhor do que o primeiro semestre, desde quando tiveram início as pesquisas econômicas.
“Este resultado negativo pode ser atribuído há fatores que não influenciaram o mercado nos últimos anos, a exemplo da Copa do Mundo. Muitos dos investimentos que seriam realizados no meio do ano foram adiados, em razão do evento, o que pode ter impactado na oferta de empregos”, explicou ela.
SineBahia prevê aquecimento do mercado de trabalho
Apesar do período ruim, o coordenador do Serviço de Intermediação para o Trabalho – SineBahia –, Hildásio Pitanga, aponta para um aquecimento do mercado nos próximos meses, com a contratação de mão de obra temporária para suprir a demanda do comércio e do turismo no final de ano.
“Calculamos que haverá uma média de 4 a 6 mil vagas temporárias para as próximas semanas, e que começam a ser preenchidas no período que vai da segunda quinzena de setembro até a primeira quinzena de novembro. Algumas pessoas acabam tendo ressalvas com vagas temporárias por haver um tempo pré-estipulado do emprego. Contudo, é válido ressaltar que aproximadamente 30% dos funcionários temporários acabam sendo efetivados”, explicou Hildásio Pitanga.
De acordo com o coordenador do SineBahia, o serviço, que pertence a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SRTE/BA), também está trabalhando com cursos de curta duração e oficinas para capacitar até mesmo os usuários que não têm qualquer experiência profissional. Os cursos são ofertados gratuitamente e ocorrem durante uma semana inteira.
Além das vagas no comércio e na prestação de serviços, o coordenador estima que obras de infraestrutura previstas para os próximos meses, devem aumentar os postos de trabalho no setor de construção civil.
“As obras nas Avenidas Vinte e Nove de Março e na Pinto de Aguiar – que se ligará à BR-324 – além da duplicação de Avenida Gal Costa, deverão voltar a movimentar esse setor contribuindo para um novo ciclo de empregabilidade”, comentou.