A balança comercial da Bahia teve em agosto um superávit de US$ 260,7 milhões – o mais expressivo do ano, sob reflexo da forte retração das importações em um cenário de fraca atividade doméstica, alta do dólar e queda dos preços do petróleo. As informações são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahiam autarquia da Secretaria do Planejamento.
Ainda que a desvalorização do real tenha possibilitado um aumento de 21,8% na quantidade de produtos embarcados (quantum) – principalmente de soja (198%) e automóveis (147%) – , as receitas com as vendas externas do estado tiveram uma redução de 12,8%, comparado a igual mês do ano passado, atingindo US$ 708,9 milhões. Este é o décimo mês consecutivo de queda das exportações baianas que enfrenta um ciclo de acentuada desvalorização de seus produtos, baixo crescimento da economia mundial, e desaceleração econômica de parceiros importantes, como a Argentina, UE e China.
À exceção dos EUA, onde houve crescimento de 36%, as vendas externas encolheram em agosto para os principais parceiros comerciais do estado tanto para mercados que absorvem mais commodities, como a China (-11%), quanto a destinos de produtos industrializados, como o Mercosul (-16%) e UE (-8%). Os preços médios dos produtos exportados pela Bahia permaneceram com trajetória de queda (-28,4%), atingindo seu menor valor desde 2009.
IMPORTAÇÕES
Com a atividade econômica doméstica diminuída e o dólar em alta, as importações da Bahia reduziram 39,3%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Além desses dois fatores, o recuo das importações em agosto também tem a ver com o colapso do preço das commodities, já que o estado também é grande comprador de petróleo e derivados. Graças ao derretimento das cotações internacionais do barril, as compras de combustíveis diminuíram 81,7%, com destaque para a nafta com queda de 100%. Outras categorias de importados diretamente relacionadas ao desempenho da economia também despencaram. A queda em relação a agosto do ano passado abrange bens de consumo (50%), bens de capital (29,4%) e matérias primas e intermediários usados pela indústria (11%).
Arthur Cruz, coordenador de Comércio Exterior da SEI, avaliou o resultado: “A retração da atividade doméstica, sobretudo da indústria, que na Bahia já recuou 9% no primeiro semestre, e a alta do dólar deve frear as importações nos próximos meses restando, ainda, a dúvida se as mudanças macroeconômicas em curso (o câmbio principalmente) serão suficientes para desencadear um movimento em larga escala de substituição de importações”.
Com os resultados apurados até o mês de agosto, a Bahia ainda acumula um déficit de US$ 832,7 milhões, em sua balança comercial, como resultado dos saldos negativos acumulados ao longo do ano. As exportações baianas até agosto alcançaram US$ 5,04 bilhões e são 17,9% inferiores a igual período de 2014, enquanto que as importações foram de US$ 5,88 bilhões, já estando abaixo 1,8% se comparadas a jan/agosto do ano passado.